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25-05-2015 17:38

Militar português, Fernando José Salgueiro Maia nasceu em 1944, em Castelo de Vide, e morreu em 1992, no Hospital Militar de Belém (Lisboa).
Depois de frequentar a Academia Militar e a Escola Prática de Cavalaria, desempenhou funções de alferes-comando em Moçambique, durante a Guerra Colonial.
Já com o posto de capitão, na madrugada de 25 de abril de 1974, dirigiu as tropas revolucionárias de Santarém até Lisboa, tornando-se uma das figuras-chave do golpe. Tomou os ministérios do Terreiro do Paço e o quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, onde estava refugiado o chefe do Governo, Marcello Caetano, que se lhe rendeu. Assim se deu a queda do Estado Novo.
A revolta militar foi desencadeada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), que derrubou o regime praticamente sem o emprego da força e sem provocar vítimas. Os dois únicos momentos de tensão foram protagonizados pelo próprio Salgueiro Maia: o primeiro foi o encontro com um destacamento de blindados, até então obediente ao Governo, resolvido quando estas tropas tomaram posição ao lado dos revoltosos; o outro ocorreu quando o capitão mandou abrir fogo sobre a parede exterior do quartel da GNR.
Retomando modestamente o rumo da sua carreira militar, o capitão Salgueiro Maia recusou as honrarias que o regime democrático lhe quis atribuir. Todos os anos é recordada a sua coragem e a sua determinação aquando das comemorações do 25 de abril.

25-05-2015 17:35

Político português, nasceu a 15 de maio de 1906, em Boquilobo, concelho de Torres Novas, e morreu a 13 de fevereiro, possivelmente em Badajoz. Jovem oficial, participou no movimento militar de 28 de maio de 1926, que derrubou a República liberal e implantou em Portugal a Ditadura Militar que, poucos anos mais tarde, iria dar lugar ao Estado Novo liderado por Salazar. Durante muitos anos comungou das posições oficiais do regime salazarista, particularmente do seu violento anticomunismo. A sua atitude política, aliada a uma reconhecida competência técnica, levou-o a ascender rapidamente na escala hierárquica (será o general mais jovem da Força Aérea) e a ocupar posições de destaque, nomeadamente como Diretor da Aeronáutica Civil, membro da missão militar que negociou com o Reino Unido as condições de utilização de instalações militares nos Açores na decisiva fase final da guerra contra o Eixo na Europa, e em cargos de elevada responsabilidade na representação de Portugal na orgânica da NATO, nos Estados Unidos. Estas duas últimas experiências colocá-lo-ão em contacto com a vida política das democracias ocidentais, que vivamente o impressionam e o levam a questionar a legitimidade do regime que até aí servira. Regressado a Portugal, aceita o convite de personalidades oposicionistas para se candidatar à Presidência da República, tendo como concorrentes, no campo oposicionista, o Dr. Arlindo Vicente (que virá a desistir a seu favor), e, no campo governamental, o Contra-Almirante Américo Thomaz. Imprime à campanha um ritmo vivo, até aí desconhecido da vivência oposicionista, manifestando-se decididamente contrário à continuação de Salazar à frente do Governo -- quando questionado, publicamente, sobre as suas intenções quanto a Salazar na eventualidade de vencer as eleições, responde secamente "Obviamente, demito-o!", o que equivalia a uma declaração de guerra ao regime. Esta frase, celeremente celebrizada, incomodou os mais conservadores dos seus apoiantes, mas incendiou os espíritos das massas populares que o vitoriaram durante a campanha (com particular destaque para a entusiástica receção popular no Porto). Apesar do apoio popular, os resultados eleitorais oficiais atribuem-lhe a derrota, que tanto o próprio General como a Oposição em geral nunca aceitarão. Convencido de que o regime não poderá ser derrubado pelas urnas, procura atrair as chefias militares para um putsch, ficando desiludido pela falta de recetividade ao seu apelo. Considerando-se em perigo, refugia-se na Embaixada do Brasil, aí ficando largos meses até lhe ser permitido partir para o exílio, onde debalde tentará congraçar os núcleos oposicionistas exilados; somando desilusões e traições, rodeado de colaboradores indisciplinados, dá cobertura à Operação Dulcineia, desencadeada pelo seu aliado Capitão Henrique Galvão (outro dissidente do regime), que consiste na captura do paquete Santa Maria (batizado "Santa Liberdade"), que será utilizado como veículo de propaganda que atrairá as atenções da opinião pública internacional para a situação política no País. A operação coincide com o início da guerra em Angola, fazendo nascer suspeitas de entendimento entre os oposicionistas portugueses e a direção dos movimentos independentistas africanos. A sua tendência para privilegiar a solução militar para o derrube do regime, a sua ousadia (que justifica o qualificativo de "General Sem Medo"), que muitos desentendimentos provocará no seio da oposição no estrangeiro e no interior, leva-o a planear e executar uma nova tentativa revolucionária, com a colaboração de conspiradores militares e civis --tomando de assalto o quartel de Beja (Ano Novo 1961-1962), e eventualmente outras posições, partiria à conquista dos pontos fulcrais do País. Falhando a revolta, o General, que entrara clandestinamente em Portugal, volta a atravessar a fronteira, para nunca mais regressar à Pátria. Desloca mais tarde as suas atividades para o Magrebe, onde procura outros apoios e aliados (Ben Bella, o Partido Comunista Português e os movimentos de libertação das colónias portuguesas, entre outros); os desacordos políticos e as incompatibilidades entre o General, que continua a crer na viabilidade do derrube do regime salazarista pela força das armas, e outros setores, nomeadamente o Partido Comunista Português, que privilegiam a luta política paciente e pacífica, isolam progressivamente o General Delgado, que cada vez mais se distancia da realidade portuguesa. Este isolamento proporciona, em 1965, a montagem de uma armadilha fatal: crendo vir ao encontro de conspiradores do interior que partilhariam as suas ideias, Delgado dirige-se à fronteira de Badajoz, sendo aí assassinado por um comando da PIDE. De 13 de fevereiro até 24 de abril, data em que o seu corpo foi descoberto, perto de Villanueva del Fresno, foi dado como desaparecido.O regime nunca reconhecerá oficialmente as suas responsabilidades pelo facto, mas os seus autores virão a ser levados a juízo após a revolução de 25 de abril de 1974; entretanto, o clamor que se erguera na opinião pública criara significativas dificuldades políticas a Salazar. Após a restauração da democracia, promovido postumamente a marechal, o seu corpo será trasladado com todas as honras para o Panteão Nacional.

25-05-2015 17:34

Professor liceal, escritor e político, de seu nome completo Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, nasceu a 8 de Julho de 1840, na Horta, e faleceu a 5 de Março de 1917. Desde jovem empenhado na propaganda republicana, professor liceal, poeta e escritor, notabilizou-se como advogado na defesa de correligionários processados pelas suas ideias ou atividades, fez parte do Diretório do Partido Republicano (1891), foi deputado em duas legislaturas ainda durante a Monarquia (1882 e 1892) e foi eleito para as Constituintes de 1911. Ainda naquele ano, com o apoio parlamentar dos partidários de António José de Almeida e Brito Camacho, tornar-se-ia o primeiro Presidente da República constitucionalmente eleito. No entanto, a sua política conciliadora, baseada em propósitos de defesa da honra nacional e na concórdia de toda a família portuguesa, colidiu com as tendências golpistas sempre presentes na política do novo regime. Em 1915, a crise desencadeada pelo golpe de Pimenta de Castro, que envolveu a dissolução do Parlamento, levou-o a atitudes contraditórias com as leis da República. O Parlamento declarou-o fora da lei e Manuel de Arriaga demitiu-se, após o que se retirou da atividade política, vindo a morrer em 1917. A 16 de Setembro de 2004, os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional. Na cerimónia oficial estiveram presentes o Presidente da República Jorge Sampaio e o Presidente da Assembleia da República Mota Amaral, entre outras figuras importantes da política portuguesa.

25-05-2015 17:33

Significado dos símbolos e cores:

As 5 quinas simbolizam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique.
Os pontos dentro das quinas representam as 5 chagas de Cristo. Diz-se que na batalha de Ourique, Jesus Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques, e disse: "Com este sinal, vencerás!''. Contando as chagas e duplicando por dois as chagas da quina do meio, perfaz-se a soma de 30, representando os 30 dinheiros que Judas recebeu por ter traído Cristo.
Os 7 castelos simbolizam as localidades fortificadas que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros.
esfera armilar simboliza o mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI e os povos com quem trocaram ideias e comércio.
verde simboliza a esperança.
vermelho simboliza a coragem e o sangue dos Portugueses mortos em combate.
O branco simboliza a paz.
Autores da Bandeira Republicana: Columbano, João Chagas, Abel Botelho

25-05-2015 17:31

Político, professor e escritor português, Joaquim Fernandes Braga nasceu a 24 de fevereiro de 1843, em Ponta Delgada, e morreu a 28 de janeiro de 1924, em Lisboa. Foi um dos principais representantes da Geração de 70 e um dos mais prolíficos autores da segunda metade do século XIX e inícios do século XX, a quem Ramalho Ortigão se referiu como "o trabalho de uma geração inteira empreendido no cérebro de um só homem", tendo deixado uma obra monumental nos domínios da poesia, da história literária, da teoria da literatura, da ficção e da tradução.
Órfão de mãe, senhora da aristocracia açoriana, aos três anos de idade, ganhou, aos cinco, uma madrasta ríspida, que o iria hostilizar. Foi aos dez anos, ao matricular-se na instrução primária, que adotou o nome Teófilo. Tentando ser independente, tornou-se aprendiz de tipógrafo e, em 1859, publicou o seu livro de estreia, Folhas Verdes, apadrinhado por Francisco Maria Supico. Em 1861, partiu para Coimbra para cursar Direito. Na universidade, relacionou-se com alguns dos membros da futura Geração de 70, entre os quais Antero de Quental, envolvendo-se nas manifestações de crítica ao academismo e colaborando em revistas como O InstitutoRevista de CoimbraRevista Contemporânea de Portugal e Brasil e A Grinalda. Em 1864, publicou os livros de poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, muito influenciados por Vítor Hugo, ambos acompanhados de textos teóricos onde expõe a sua conceção de uma poesia filosófica, que descreva as fases ideais da história da humanidade. 
No ano seguinte, tomou parte na célebre Questão Coimbrã com o opúsculo As Teocracias Literárias, onde se insurge diretamente contra Castilho, censurando a sua prática poética "palavrosa, nula de ideias" e o seu magistério literário. Ainda em 1865, estreou-se na ficção com a coletânea Contos Fantásticos e publicou o ensaio Poesia do Direito. Em 1866, prosseguiu a sua explicação filosófica da história da Humanidade com o volume de poesias A Ondina do Lago e concluiu o curso de Direito. Ainda em Coimbra, e até à conclusão do seu doutoramento, em 1868, traduziu Chateaubriand e iniciou o seu estudo das origens da literatura portuguesa, influenciado pelas leituras de Hegel, Schlegel e Grimm, que daria origem, numa primeira fase, a Cancioneiro Popular eRomanceiro Geral (1867), História da Poesia Popular Portuguesa (1867), Floresta de Vários Romances (1868) e Cantos Populares do Arquipélago Açoriano (1869), e, numa segunda fase, a Contos Tradicionais Portugueses (1883). Em 1868, casou e ficou a viver no Porto, onde aprofundou as suas leituras do positivismo de Comte, de que seria um dos principais divulgadores em Portugal (devendo-se-lhe, entre outras obras, os Traços Gerais de Filosofia Positiva, de 1877, e oSistema de Sociologia, de 1884) e que tentaria mais tarde aplicar a todos os domínios do saber, nomeadamente à história literária. Em 1869, quando perdeu o seu primeiro filho, publicou História da Poesia Moderna em Portugal e o volume de poesias Torrentes. Durante a década de 70, orientou o seu trabalho no sentido da criação de uma ambiciosa História da Literatura Portuguesa, a que se refere, em carta a F. M. Supico, como "o mealheiro de todas as [suas] ideias, a monomania, a ambição única que [tinha]". Em 1872, já depois de publicadas a História da Literatura Portuguesa. Introdução (1870), aHistória do Teatro Português (1870-1871) e a Teoria da História da Literatura Portuguesa (1872), ganhou o concurso para professor de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras. Refletindo a sua experiência de ensino, publicou o Manual da História da Literatura Portuguesa (1875), a Antologia Portuguesa(1876) e o Parnaso Português Moderno (1876). Na década de 80, enquanto participava na revista literária A Renascença e dirigia as revistas de divulgação das doutrinas positivistas O Positivismo (fundada com Júlio de Matos em 1878), A Era Nova e a Revista de Estudos Livres (fundadas com Teixeira Bastos, respetivamente em 1880 e 1883), orientou os seus estudos literários para a literatura contemporânea, publicando a História do Romantismo em Portugal(1880) e As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa (1892). Em 1884, publicou o último volume de poesias, Miragens Seculares, que viria a concluir o ciclo encetado com a Visão dos Tempos. Entre 1886 e 1887, no espaço de poucos meses, perdeu os dois filhos que lhe restavam; esta enorme tragédia pessoal despertou a simpatia de muitos dos seus adversários, incluindo Camilo, que lhe dedicaram o volume de elegias A Maior Dor Humana. Em 1891, redigiu o manifesto e o programa do partido republicano. Logo após a proclamação da República, em 1910, foi escolhido para presidente do Governo provisório. Em 1915, exerceu as funções de Presidente da República interino. 

Entretanto, publicaria uma nova versão da História de Literatura Portuguesa(1909-1918). No âmbito estritamente literário, e numa tentativa de alcançar uma visão de conjunto sobre a obra de Teófilo Braga, cuja amplitude e diversidade são ainda aumentadas pelas constantes reedições, refundições e recapitulações, num esforço permanente de coerência e atualização, podemos notar três orientações: 1. A elaboração poética de uma história filosófica da Humanidade, nos cinco volumes de Visão dos TemposTempestades SonorasA Ondina do LagoTorrentes Miragens Seculares; 2. A vocação folclorista, de inspiração garrettiana, manifesta na recolha e na análise de poesias, lendas, mitos e contos populares e tradicionais; 3. A conceção de uma história da literatura portuguesa, explanada nas dezenas de volumes, propriamente teóricos ou também didáticos, onde estudou os elementos autóctones e os factos importados, debruçando-se especialmente sobre a poesia popular e a literatura do século XIX, e onde procurou conciliar o princípio estático da raçacolhido nas leituras de Schlegel (com a exaltação da raça nacional de origem moçárabe) com o princípio dinâmico do progresso bebido nas doutrinas positivistas.
25-05-2015 17:30

Militar e político, uma personalidade marcante da vida política portuguesa da sua época, João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Doun, 9.º filho dos primeiros condes de Rio Maior, era neto, pelo lado materno, do Marquês de Pombal. Nasceu em Lisboa, a 17 de novembro de 1790, e faleceu em Londres, a 21 de novembro de 1876. Em 1805 matriculou-se na Academia Militar e dois anos depois era já capitão. Lutou nas guerras peninsulares nas batalhas contra as Invasões Francesas do Buçaco (1810), Arapiles (1812), Vitória (1813) e Nive (1813).
Foi depois servir para o Brasil, onde, em 1821, foi nomeado capitão-geral do Rio Grande do Sul. Após a independência do Brasil regressou a Portugal. Tornou-se apologista do Liberalismo, quando Governador das Armas do Porto. Em 1827 fez grande pressão política para impor o juramento da Carta Constitucional e nesse mesmo ano foi nomeado Conde. Um ano após ter sido nomeado ministro de Guerra, partiu para Inglaterra (1828). Tornou-se numa das figuras mais emblemáticas das guerras liberais, merecendo destaque a sua ação no cerco do Porto e na Regeneração. Perante os êxitos militares do Conde Saldanha na batalha de Almoster, D. Pedro IV fê-lo chefe do Estado-Maior do Exército, em 1833. Um ano depois do reconhecimento das suas façanhas foi nomeado Marquês.
Envolvido nas lutas políticas na fase de consolidação do regime constitucional e após uma revolta falhada, conhecida por "revolta dos Marechais", seguiu, em 1837, para o exílio. Foi mais tarde nomeado embaixador em Londres, Viena e Madrid. Em 1846, quando começou a chefiar o governo, foi nomeado Duque, apesar da forte oposição e de ter sobrevivido politicamente à Maria da Fonte e à Patuleia, sempre com o apoio da rainha D. Maria II. Em 1857 voltou a presidir ao governo. Regressou a Londres como embaixador, em 1870, mas pouco tempo depois viria a falecer em 1876.

25-05-2015 17:27
n.       30 de junho de 1771.
f.        19 de novembro de 1822.
 
Um dos heróis dos acontecimentos políticos de 1820.
Nasceu na Figueira da Foz a 30 de junho de 1771, faleceu em Lisboa na antiga rua do Caldeira n.º 2 [a actual rua Fernandes Tomás], a Santa Catarina, a 19 de novembro de 1822.
Era filho de João Fernandes Tomás e de Maria da Encarnação, os quais à vista do engenho precoce que o moço revelara, o mandaram para Coimbra ainda em verdes anos, a fim de seguir a carreira eclesiástica. A vocação, porém, não o chamava para o sacerdócio e o jovem estudante tomou o grau de bacharel em Cânones, tendo apenas vinte anos. Dando-se primeiro à advocacia, praticou com vários jurisconsultos de Lisboa, e aperfeiçoou-se no estudo das ciências do direito, Em 30 de agosto de 1792 foi nomeado síndico e procurador fiscal do município da Figueira, sendo vereador desde 1795 a 1798. Em 1801 foi nomeado juiz de fora de Arganil, mostrando logo na magistratura a sua energia e carácter. Em 1805 foi nomeado superintendente das alfândegas e dos tabacos nas comarcas de Leiria, Aveiro e Coimbra, mas, pela invasão francesa de 1807, tomou-se de tal desgosto pela humilhação da pátria que se retirou para uma quinta sua, próximo da Figueira, e aí permaneceu até que Wellesley, em 1808, desembarcou as suas tropas naquela costa, sendo então indigitado pela voz pública como a pessoa competente, na ausência de todas as autoridades, para tratar com o comandante inglês de todos os assuntos referentes aos interesses e necessidades do exército. O futuro lorde Wellington apreciou tanto a actividade de Fernandes Tomás que, sendo este nomeado em 1809 provedor da comarca de Coimbra, logo o general instou para que fosse adjunto ao Comissariado do Exército, sendo nomeado intendente dos víveres no quartel-general de Beresford, em 1810, onde foi incansável de actividade, chegando a perder as noites encostado à banca, para que nada faltasse ao exército. Em 1811, tão importantes serviços prestou junto do exército que fazia o cerco de Badajoz, que, pelas recomendações dos generais, foi-lhe dada a categoria de desembargador honorário do Porto, ou o predicamento de desembargador, como então se dizia, não se lhe dando a efectividade, que só alcançou em 1817, por não ter ainda, à data do despacho, completo o triénio de provedor. De 1812 até ao findar da guerra, dois anos mais tarde, esteve Fernandes Tomás em Coimbra e ali começou a germinação do seu grandioso plano, que devia desenvolver-se e frutificar no Porto, anos depois.
Fernandes Tomás era um erudito, já nomeado por algumas obras de direito, que publicara, e um pensador que se preocupava com os males da pátria, cujos desastres sucessivos lhe enlutavam o generoso coração. O ano de 1817 ficou tristemente memorável na história da liberdade portuguesa pelo acto de inaudita crueldade que desonrou para sempre no nosso país a memória de Beresford. O sangue de Gomes Freire de Andrade (V. este nome) e dos seus desditosos companheiros, com que se julgou afogar todas as aspirações liberais, só contribuiu para as tornar mais fecundas. Indo de Coimbra para o Porto, aqui encontrou Fernandes Tomás quem simpatizasse com as suas ideias e aspirações; viu o sentimento patriótico invadindo todos os espíritos; apreciou a indignação que elevava ao prestígio de mártires as vítimas de 1817 e sentiu que essas aspirações, até aí vagas e quase teóricas, iam tornar-se em breve mais definidas e mais precisas. Com outro jurisconsulto notável e verdadeiramente liberal, José Ferreira Borges, se relacionou Fernandes Tomás na cidade do Porto, e aí em 18 ou 21 de janeiro de 1818 se juntaram os dois para jurarem mutuamente dar a liberdade a Portugal, ou morrerem na empresa. Convocaram uma conferência com os seus amigos José da Silva Carvalho e João Ferreira Viana, para formularem as bases em que devia assentar o plano a seguir da sociedade, que ficou constituída sob o nome de Sinédrio e que tinha por fim: "Observar os acontecimentos em Portugal e Espanha, tomando de vagar o pulso às tendências e às aspirações do espírito público". Ajustaram reunir-se no dia 22 de cada mês na Foz para discorrerem acerca dos sucessos e das notícias do mês passado e assentarem nos propósitos mais oportunos segundo as circunstâncias. Juraram uns aos outros inviolável segredo e decidiram que, se rompesse um movimento monárquico, ou uma revolução, os sócios do Sinédrio acudiriam para a dirigir, guardada sempre a fidelidade devida à dinastia de Bragança. Este foi o núcleo da associação denominada Sinédrio e estas as modestas bases com que se fundou. Circunscrito aos ilustres iniciadores em seu começo cresceu e alargou-se depois. Na escolha dos adeptos, discreta e resumida, sempre se antepôs a qualidade ao número. Em 1819 compunha-se, além dos quatro inauguradores, dos sócios Duarte Lessa, José Pereira de Meneses, Francisco Gomes da Silva, João da Cunha Souto Maior, José Maria Lopes Carneiro e José dos Santos Silva. Rodeados de silencio, antes de se aventurarem a hastear a bandeira das ideias, estes cidadãos, que se não intimidavam pela sorte das vitimas de 1817, sob a ameaça visível do cutelo de algoz, apalpavam o terreno sem precipitação, e pacientes por necessidade, não se antecipavam à sentença lógica do tempo e dos factos. Foi depois destes exórdios modestos, que surgiu a revolução de 1820. Fernandes Tomás foi a alma dela. O número dos associados no Sinédrio nunca passou de treze, sendo o último a inscrever-se, em 18 de agosto de 1820, Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, que depois prestou à causa muitíssimos serviços. O espírito da população de Lisboa, menos propenso a entusiasmos do que os portuenses, não parecia disposto a secundar a agitação da opinião publica do Porto. Foi assim que vindo José da Silva Carvalho à capital, com o fim de angariar adesões, voltou profundamente desanimado e sem nada haver conseguido. Outro tanto aconteceu a Fernandes Tomás que, vindo a banhos ás Caldas da Rainha, chegou até Lisboa com os mesmos intuitos, nada conseguiu e teve que retirar para o Porto, por saber que era activamente vigiado pela polícia. Nestas condições a revolta ter-se-ia talvez malogrado se a Regência, cheia de pavor, não houvesse imprudentemente mandado o governador das justiças do Porto, Aires Pinto, prender Fernandes Tomás. O marechal inglês partira para o Rio de Janeiro a fim de alcançar mais largos poderes de D. João VI. A ausência de Beresford foi impolítica e inábil. O Sinédrio alargava o âmbito da sua actividade, a ponto de concorrerem a uma reunião, que promoveu, todos os oficiais do exército aliciados para o grande movimento. Nessa reunião Fernandes Tomás pôs ao serviço da causa tão entranhado amor da pátria que converteu em adeptos fanáticos até ao sacrifício todos os que o escutavam.
A precipitação do medo da Regência forçou o lance, sendo opinião dos conspiradores militares Sepúlveda, Cabreira e António da Silveira, que a revolução devia rebentar. Fernandes Tomás teve a audácia de ir a casa do próprio Aires Pinto, de cuja missão fora avisado,. dizer-lhe que não cumprisse as ordens do governo de Lisboa, porque no dia seguinte a revolta explodiria, sem que ninguém lhe pudesse obstar. O mesmo referiu ao general das armas Canavarro, que prometeu retirar para Leça, fingindo-se doente. Com efeito no memorável dia 24 de agosto de 1820 rebentou a revolução, prenderam-se em suas casas os oficiais ingleses, propôs-se a nomeação. de uma junta provisória que governasse o reino em nome do rei, até ao seu regresso do Brasil, e dessa junta tomou Silveira a presidência, Cabreira a vice-presidência, ficando Fernandes Tomás simples vogal. O grande patriota teve o condão de se deixar em lugar secundário sendo o primeiro. Também a fortuna não quis que ele sobrevivesse muito tempo à liberdade da sua pátria. Hoje bem se pode isso considerar uma ventura, o morrer tanto a tempo, quando a sua obra era completa, o seu credito era incondicional, quando facto algum ulterior lhe podia ainda fazer empalidecer o brilho do renome conquistado ou lançar suspeitas sobre a pureza das suas intenções; quando, enfim, os defeitos da obra concluída ainda não tinham tempo para se revelarem. Este conjunto de circunstâncias aureolou de fama sem mancha e de glória absoluta o nome prestigioso do grande patriota Fernandes Tomás. De como o Sinédrio preparou, dirigiu e consumou, a revolução de 24 de agosto de 1820 são documento interessante as Revelações e Memorias para a história ela dita revolução, escritas pelo consócio José Maria Xavier de Araújo (V. este nome). Fernandes Tomás, além de membro da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, foi deputado ás Cortes Constituintes congregadas em 26 de janeiro de 1821, em cujos trabalhos teve parte muito activa e conspícua, até ao encerramento delas em 4 de novembro de 1822. Agravando-se lhe pelos excessos e fadigas dos últimos meses a enfermidade crónica de que padecia, e tomando de repente um carácter agudo, que os socorros da medicina não puderam debelar, expirou entre dolorosos sofrimentos, temperados pela resignação, a 19 do referido mês, deixando consternados não só os seus amigos pessoais, mas todo o partido liberal que lhe tributava uma espécie de culto, e via nele um dos mais firmes sustentáculos do sistema, para cujo triunfo concorrera tão poderosa e eficazmente. Os seus restos mortais foram sepultados, primeiro na antiga igreja de Santa Catarina, trasladados depois para a dos Paulistas, e desta transferidos para jazigo de família no cemitério dos Prazeres. No Jornal do Comércio de fevereiro de 1883 estão reproduzidos alguns documentos acerca do óbito e trasladações das cinzas do eminente cidadão.
Dicionário bibliográfico português faz a seguinte resenha dos escritos de Fernandes Tomás, publicadas com o seu nome, e de alguns que os biógrafos lhe atribuem:Observações sobre o discurso que escreveu Manuel de Almeida e Sousa em favor dos direitos dominicais da coroa, donatários e particulares, Coimbra, na Imprensa da Universidade, 1814, 4.º; Repertorio geral ou índice alfabético das leis extravagantes do reino de Portugal, publicadas depois das ordenações, compreendendo também algumas anteriores que se acham em observância, Coimbra, na Imprensa da Universidade, 1815 ; fólio, 2 tomos. – "Obra de ímprobo trabalho e preciosíssimo valor" lhe chama o dr. M. A. Coelho da Rocha no Ensaio sobre a historia do Governo e da Legislação de Portugal. Foi reimpressa há poucos anos, porém Inocêncio não viu exemplar do qual pudesse tirar as respectivas indicações. Relatório sobre o estado e administração do reino, durante o tempo da Junta Provisional do Governo Supremo, etc., Lisboa, na Imprensa Nacional, 1821. Quarto. Foi apresentado e lido nas sessões de Cortes, de 3 e 4 de fevereiro de 1821. Anda também incorporado no Diário das Cortes, tomo I, pág. 32 a 46. – O geógrafo Balbi mencionando este documento diz: "Que nele avulta, a par de uma eloquência varonil, o profundo saber do seu autor em todos os ramos da administração publica". São também da pena de Fernandes Tomás, segundo o testemunho afirmativo de Xavier de Araújo, as seguintes peças oficiais, que se imprimiram avulsas, e, andam reproduzidas nos periódicos políticos da época : Manifesto da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino aos Portugueses, que começa: "Se na agitação porfiosa, que comoveu as nações da Europa, e abalou os tronos, etc." – Datado de 24 de agosto de 1820. A Junta Provisional do Governo aos habitantes de Lisboa. – Começa: "O grito de cem mil almas, que nesta cidade aclamaram solenemente, etc." Proclamação dos soldados do Porto aos de Lisboa. Fernandes Tomás, e o seu colega nas Cortes José Joaquim Ferreira de Moura, foram os fundadores, e principais (se não únicos) colaboradores do jornal político O Independente, cuja publicação começou, segundo parece, com o ano de 1822, ou pouco antes, e do qual existem impressos três tomos no formato de folio. O citado Xavier de Araújo afirma também de modo positivo serem dele os dois seguintes opúsculos, que se imprimiram anónimos: Carta do compadre de Belém ao redactor do «Astro da Lusitania» dado à luz pelo compadre de Lisboa...Lisboa, na offic. de António Rodrigues Galhardo, 1820. quarto de dezanove páginas.; (V. Alves Sinval). Carta segunda do compadre de Belém ao redactor do «Astro da Lusitania» dado à luz pelo compadre de Lisboa. Ibidem, na mesma oficina, 1821, quarto de vinte e duas páginas. Por esse tempo, e a propósito dessas cartas se imprimiram igualmente anónimas as seguintes, cujo autor Inocêncio não pôde indicar: Resposta de João Carapuceiro, compadre de Lisboa, ás cartas do compadre de Belém, dirigidas ao «Astro da Lusitania»; Lisboa, na nova Imp. da Viuva Neves & Filhos, 1821, quarto de 39 páginas. Carta do compadre de Lisboa em resposta a outra do compadre de Belém, ou juízo critico sobre a opinião publica, dirigida pelo «Astro da Lusitania»; Lisboa, na Imp. de Alcobia, 1821. quarto de vinte e três páginas. Carta analítica de João Carapuceiro, compadre de Lisboa, ao compadre de Belém, Lisboa, na nova Imp. da Viuva Neves & Filhos, 1821. 4.º de 16 págs. Lutero, o Padre José Agostinho de Macedo, e a «Gazeta Universal» ou Carta de um cidadão de Lisboa escrita ao Geral da congregação de S. Bernardo, Lisboa, Typ. de Antonio Rodrigues Galhardo 1822. quarto de quarenta e seis páginas.
Para a biografia de Fernandes Tomás podem indicar-se numerosos documentos, e entre eles os impressos seguintes: Uma extensa noticia inserta no Diário do Governo, n.º 238, de 9 de outubro de 1822, e outra que se refere especialmente aos últimos dias da sua vida, no mesmo Diário, n.º 271, de 16 de novembro do dito ano. A Galeria dos Deputados das Cortes gerais, de página 323 a 334. O opúsculo intitulado: Discursos e poesias fúnebres, recitados a 27 de novembro de 1822 em sessão da Sociedade Literária Patriótica, etc. Um artigo inserto no Mosaico, tomo I (1839) a página 163 e seguintes. O Ensaio sobre a Historia Literária de Portugal, por José Liberato Freire de Carvalho, a pág. 163. Uma memoria com o título: Manuel Fernandes Thomaz, patriarca da liberdade portuguesa, Lisboa, 1840, folio de três páginas. A Carta e as Cortes de 1836, por José Pinto Rebelo de Carvalho, a página 25. As citadas Revelações e Memorias de J. M. Xavier de Araújo, particularmente num artigo especial de página 77 a 84. O Diorama de Portugal nos 33 meses constitucionais, por José Sebastião de Saldanha, a página 215. As Memorias da vida de José Liberato Freire de Carvalho, página 258 e seguintes. Os Varões ilustres das três épocas constitucionais por Luís Augusto Rebelo da Silva, Lisboa, 1870. Os Heróis de 1820, publicação ilustrada com os respectivos retratos, n.º 1, Lisboa.
25-05-2015 17:25

SEGE = carruagem alta de duas rodas 

BERLINDA = A esta palavra vem do alemão Berline, é uma carruagem leve, rápida de quatro rodas. 
Foi concebida por volta do ano de 1670 para o rei Frederico Guilherme I, de Brandemburgo. 
A carruagem ficou com o nome da capital de Brandenburgo, atualmente capital da Alemanha, Berlim. 

"O Brasil só conheceu a berlinda a partir da segunda metade do século XVIII, mas apenas o Vice-rei, os funcionários mais graduados da Justiça e da Fazenda e um ou outro proprietário rural abastado podiam dar-se ao luxo de adquirir e manter veículo tão dispendioso e de circulação tão restrita, devido ao tipo das ruas, estreitas e de calçamento irregular." 


LITEIRA (não confundir com leiteira) 
Uma liteira é uma cadeira portátil, aberta ou fechada, suportada por duas varas laterais. É transportada por dois liteireiros ou dois animais, um à frente e outro atrás. As liteiras eram muito utilizadas como meio de transporte de personalidades abastadas na Roma Antiga; funcionavam como hoje em dia trabalham os táxis. Normalmente eram escravos e não animais que a suportavam para minorar a confusão das vias de comunicação da metrópole romana na Antiguidade. 

Um liteireiro é o condutor da liteiras. Na Roma Antiga os liteireiros eram escravos que transportavam nas liteiras dos seus amos, ou as pessoas que os solicitassem e pagassem o preço pré-estipulado. Os liteireiros podiam ser substituídos por animais no transporte das liteiras.

25-05-2015 17:14

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